quarta-feira, 23 de outubro de 2013

­­Estava febril, inexpressivo sob meus pés. Tu acompanhavas meu corpo gélido paralisado por arrepios de sonhos teus com um olhar que habitava escuridão estendida às tuas palavras decididas em perfurar minha pele e fazer sangrar verdades de partir teus ossos. Você, tolo por experimentares o sol de teus planetas e se torná-lo após ter digerido; deus morto, não mais imortal, porém necessário. Beba pelo teu pulso todos os litros de sangue para tentar se reviver em promessas caídas em um solo infértil. Esperança que não serve para mais nada. Teu poder não partiria os átomos, não faria tais universos se tornarem um nada. Não faria me requentar, pois eu derretia, tu afundavas, se afogava conseguindo respirar. Não. Não me respire, não me beba, sou alucinógeno, vicia e só sou uma gota.

domingo, 13 de outubro de 2013

Você me abraçava forte, bem forte mesmo querendo ter forças suficientes para segurar uma alma que se partia enquanto eu tentava não surtar. Você dizia que o dia seguinte estaria tudo bem do mesmo jeito que alguém não menos importante já dissera há meses atrás. Eu não conseguia sair do transe que meus olhos vidrados na escuridão da madrugada impôs. Sentia que meu espírito se esvaíra para algum lugar. Minha alma se partia e vazava constelações. Mundos que deixei de viver por estender a mão a um mendigo faminto; eu só queria acertar. Não me restara segredos a guardar. Não me restara loucuras a fazer. Não me restou nada além da dor inexplicável por não ter os pés no chão. Por não entender o motivo das estrelas não terem esmagado o mundo com o brilho feroz que destaca um céu que eu um dia toquei e me decepcionei ao sobreviver à queda. Que me julgue egoísta, mas não desejaria tamanhos pensamentos sem respostas a quem já sobrevive a dias difíceis...

Você me abraçava forte e me trouxe de volta quando sussurrou ao meu ouvido “Você foi forte, você ainda é. Eu sei que vai conseguir...”.

Deixe seu coração determinar sua ida.
O mundo é um labirinto semi-conhecido, só vire à direita se quiser.