segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Em meio à noite rastejante, murmurante da janela pra fora que percebi que sou cheio de "sinto muito" que não é construído pelo arrependimento. Estou cansado. Só temo por uma exaustão maior que não me fará acordar no dia seguinte. E nem depois do dia seguinte. Sinto muito por ter uma rotina diferente da sua, por acordar e ficar minutos a mais na cama. Sinto muito por não cumprimentar as visitas, não responder às tuas perguntas tão vãs pra mim. Sinto muito por não se preocupar comigo do mesmo jeito que você se preocupa, por viver largado, calado, um franzino desajeitado, deslocado para um mundo de desconfiança, um acomodado que se cutucado continua inerte para não ter que ser arrogante, passar uma imagem egoísta de mim. Eu estou sem saída e você não percebe. Acha que estou naquela mesma crise de adolescência que já não estou desde que completei este limite de idade.

Não é crise, mãe, sinto muito desapontá-la. Sinto muito por não conseguir ser feliz. Por não conseguir fingir. Pela morte me atrair mais que a vida. Por querer falar isso tudo e não sair nada além de um suspiro cansado.

Eu realmente sinto muito.