domingo, 20 de abril de 2014

Não era pra ser uma data especial. Sem falar que a palavra "especial" me soa muito clichê, uma palavra bonitinha que todos usam descaradamente pra acobertar o falso sentimento de compaixão e harmonia. E sem falar que naquele dia você estava mais bêbado que frequentador de boteco numa quinta. Você transparecia o vazio, a necessidade de ser feliz saía como odor da sua boca.
Naquele dia senti seu verdadeiro lado, aquele que você escondia. Sentia que tinha textura de carne podre. Você estava apodrecendo, se segurando a um sentido de vida manipulado. Você se enganou, não é assim que as coisas acontecem. Você não é um coitadinho sem meios de sobrevivência mais digno.
Migalhas,
Migalhas de você mesmo
Migalhas de medo inventado
Migalhas
Grito de socorro induzido por um passado que você se recusa a superar.
Não era uma data especial. Acredite. Aquilo foi um golpe da vida que lhe socou o estômago e você preferiu achar que o mesmo arrancou-lhe suas pernas.
Você corre em círculos
Círculos milimetricamente feito por você mesmo,
Desprezível,
Eu sei de seu drama, eu sei quem você é. Eu sei o que você quer.

"...Ah! não acredito! Então vamos comemorar. Mas primeiro dê-me um abraço"
Estava em um torpor magnífico, sentia a vibração da vida, o sorriso de uma mãe pegando seu filho pela primeira vez no colo.
Sua pele sensível,
O arrepio duradouro de minhas verdadeiras intensões.
Eu sentia o gosto do sangue, o mesmo que cobria meus dedos num contraste mais lindo que já vi.
Suave,
Suave como o vento
Era meu sussurro ao dizer que te amava,
E eu percebia que você me beijava,
Eu não sentia as contrações de felicidade.
Estava submerso em um universo inigualável
Esplêndido. Que não escorria da minhas mãos.
Eu não sentia
Eu não sinto
Mas se era para sentir,
Eu só poderia dizer
Que sinto muito.